Por Amanda Cristina Lima
O trabalho e esforço conjunto dos moradores/as de uma comunidade pode contribuir positivamente para o desenvolvimento do local, mostrar que o trabalho contínuo pode mudar a realidade das famílias, além de criar fortes laços entre os vizinhos/as. Um bom exemplo disso é a comunidade Tribo, localizada na Zona Norte, região da Freguesia/Brasilândia.
Desde 2015 já foram realizados dois mutirões de limpeza e a ECO – Escutando Comunidades – em que voluntários e voluntárias aplicam questionários socioeconômicos nas famílias para gerar um diagnóstico. Além disso, desde 2011 já foram construídas 75 moradias emergenciais no local.
Há 40 anos algumas pessoas ocuparam uma mata fechada, construíram suas habitações e faziam o plantio de banana, café e mandioca, nascia ali a Tribo. Localizada no Jardim Damasceno,a comunidade era antigamente um ponto onde moradores da região pegavam água da bica, que os primeiros moradores forneciam sem custo algum.
O morador João Batista, 55 anos, é um bom exemplo de como o trabalho conjunto entre os moradores pode render bons frutos. Ele, em parceria com alguns vizinhos e vizinhas, construiu uma quadra de futebol na comunidade, receberam doações dos materiais e realizaram toda a mão de obra. Hoje a quadra é usada para futebol, festa de dia das crianças e dia das mães ou até mesmo pessoas que trabalham em postos de saúde utilizam o local para realizar exames de pressão e diabetes por exemplo.
Há três anos foi fundada a associação de moradores, que possui sede e um salão para atividades de lazer, acesso à internet, livros para as crianças e aulas de capoeira. Próximo da Tribo tem ainda um CÉU e uma Fábrica de Cultura do Estado, lugar onde as crianças fazem atividades de arte, cultura e lazer aos finais de semana.
A Tribo é dividida pelos moradores/as por Tribo 1 (parte de cima) e Tribo 2 (parte de baixo), a última surgiu há aproximadamente dez anos. Esta segunda conta com um ferro velho que compra diversos materiais recicláveis dos moradores. Para Domingas da Conceição Almeida, 65, na Tribo há 25 anos, além de ajudar na renda dos moradores/as que reciclam, o local ajuda na limpeza da comunidade. “A reciclagem ajuda muito para os córregos não ficarem cheios e não entupirem as valetas”, afirma Domingas.
Muitos moradores/as foram para a comunidade Tribo por não terem condições financeiras de pagar um aluguel na região. Esse é o caso da Elisangela Karina da Silva, 35, e que está na Tribo há oito anos. Ela afirma que conseguir uma casa emergencial foi fundamental até mesmo na saúde dos filhos dela. “Para mim foi muito importante conseguir uma casa do TETO, porque quando chovia enchia de água, o chão sempre ficava molhado. Uma vez eu já perdi tudo, eu e meus filhos ficamos só com a roupa do corpo”, conta Elisangela.