Desembarcou essa semana em Quito, Equador, a delegação brasileira da organização TETO Brasil para participar da Terceira Conferência sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), organizada pela ONU. A delegação é formada por dois diretores da organização, dois voluntários/as e por Lane Menezes, 20, moradora e líder da favela Souza Ramos, localizada na zona leste de São Paulo.
A delegação brasileira se une a mais de 100 outros líderes comunitários e voluntários/as de 16 países da América Latina para um encontro promovido pelo TECHO Internacional. O objetivo é promover um espaço de reflexão sobre a realidade das nossas cidades latino-americanas, por meio de intercâmbio, debates e geração de propostas com base na experiência e conhecimento dos voluntários e moradores das comunidades com que o TETO trabalha.
Além disso, as delegações participam da Conferência do Habitat III. Em diversas instâncias e espaços no evento oficial, o TETO busca posicionar suas 5 propostas para a Nova Agenda Urbana:
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A desiguldade é um problema estrutural e global.
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As comunidades precárias são espaços de vulneração de direitos, onde vivem pessoas com ideias e capacidades para contribuir para a transformação dessa realidade.
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Os governos devem conhecer a situação das comunidades precárias com diagnósticos precisos para desenvolver políticas coerentes.
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A implementação da Nova Agenda Urbana deve ser acompanhada por um monitoramento contínuo a nível local, nacional e supranacional.
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A participação cidadã é chave para a execução de um desenvolvimento sustentável.
“É uma pena que a imprensa brasileira tenha falado tão pouco desse marco global e que nosso Ministro das Cidades tenha decidido não participar dessa conferência mundial por querer ‘retaliar’ o país que está sediando o evento. A sociedade brasileira precisa ser informada sobre o que está acontecendo aqui, sobre as diretrizes que podem definir o futuro das nossas cidades e, portanto, da nossa vida cotidiana. Estamos participando e incidindo nos espaços de discussão, para que na Nova Agenda Urbana as favelas mais precárias sejam priorizadas.
Se queremos construir cidades mais justas e para todos, precisamos reconhecer e enfrentar a desigualdade. Teremos, como país, que desenhar e executar as políticas públicas necessárias para seguir as diretrizes globais. Para isso, é urgente envolver a participação da cidadania, principalmente das populações que hoje estão excluídas dos processos democráticos e da juventude, potencializando também as experiências que já são produzidas nos territórios pelas mesmas pessoas que os habitam”, Carolina Mattar, diretora executiva do TETO Brasil.
Na apresentação realizada pela organização no dia 17, a liderança de uma comunidade do Peru, Luisa Polo, disse que “estamos aqui para que as comunidades façam parte do Habitat III”. A exposição “A Realidade dos Assentamentos Informais na América Latina” fez parte da inauguração do Habitat III.
Também dentro desse marco, o TETO organiza uma petição que busca chamar a atenção dos presidentes e representantes da América Latina para que se comprometam em trabalhar pela superação da situação de pobreza e injustiça das comunidades mais precárias do continente. A petição pretende mobilizar também a sociedade em geral para que, através da sua adesão, permita que o pedido dos moradores das comunidades latino-americanas seja escutado. Assine: www.techo.org/paises/brasil/assine.