Por Natália Mota
“A gente não consegue mudar o mundo inteiro, mas o mundo daquela pessoa talvez. Entrando nas casas e conversando com as pessoas esses alunos estão dando um passo para fora da bolha. ”
Nilma intetiza em sua frase o que foi a construção na comunidade Nova Conquista, em Guarulhos, onde cerca de 100 alunos se uniram aos voluntários corporativos e universitários do TETO para construir, junto com os moradores, 16 novas casas emergenciais em setembro.
Além do Santa Cruz, os jovens de 16 e 17 anos vieram dos colégios Miguel de Cervantes, St. Nicholas, Pueri Domus e Franciscano Pio XII, todos na capital paulista.
Tania Carolina é Coordenadora de Colégios no TETO e lembra que esse tipo de construção com as escolas existe desde 2010 e tem funcionamento muito similar com as demais atividades.
Para ela, a participação desses jovens nas atividades massivas da organização é muito importante uma vez que muitos demonstravam interesse em conhecer o trabalho, mas eram impedidos pela barreira da idade. “Trabalhar com esses alunos a partir dos 16 anos é fundamental, pois eles estão em uma fase de formação que vão levar para a vida. ”
O professor do colégio Miguel de Cervantes, Juan Rivero, conta que é a primeira vez que a escola participa da atividade graças à iniciativa de alunas da própria instituição. “Elas mobilizaram a direção e os alunos para arrecadar o dinheiro e fazer isso tudo acontecer. O trabalho do TETO é muito bonito e acredito que essa parceria vai continuar para os próximos anos. ”
Fernanda, uma das alunas citadas por Juan, estava no terreno da Dona Lúcia fazendo os ajustes finais para a inauguração da casa. A estudante conta que decidiu conhecer melhor o trabalho do TETO depois de ver o pai de uma colega chegar de uma construção como corporativo “todo sujo e animado”. “Mesmo com o 3º ano do colegial rolando eu sabia que eu tinha que eu tinha que fazer algo, mas essa experiência superou todas as minhas expectativas. As palavras que resumem esse fim de semana para mim são aprendizado e retorno. ”
Apesar da pouca idade, Nicolle Liane e Andre Sabbag, ambos do Pueri Domus, são veteranos em construção. Os estudantes participaram da atividade na Portelinha em 2016 e contam que a ideologia e a energia do TETO os fizeram voltar. “Eu queria poder ter ajudado mais as outras casas que estavam atrasadas, mas esse ano eu senti uma segurança maior para construir”, conta Andre.
Além da formação, Tania aborda que por ser um trabalho com menores de idade, as questões de segurança já aplicadas para todo o corpo de voluntariado é reforçada e o papel dos professores é fundamental. “Antes de entardecer todos tem que sair da comunidade pela falta de iluminação. Além disso, ter os professores como voluntários nas casas e circulando algumas vezes pela comunidade mostra para os alunos que a escola também está ali caso eles precisem de algo”.
Felipe Barci, aluno do Pio Xll, disse que não gostou muito da ideia de ter que sair da comunidade às 18h pois queria aproveitar mais, mas definiu seu fim de semana como um “exemplo de esperança”. “Na escola a gente vê muitas vezes gente individualista querendo diminuir os outro para se sentir melhor. Aqui no TETO a gente conseguiu ver que se unindo para uma coisa boa a gente consegue fazer a diferença. ”
A construção na Nova Conquista aconteceu nos dias 30 de setembro e 01 de outubro. No mesmo fim de semana, houve a atividade também nas comunidades Fazendinha, em Osasco, e Jardim Ipanema, na Zona Leste de São Paulo.