Criada na década de 1980 pelo Doutor norte-americano Benjamin Franklin Chavis Jr., a expressão “racismo ambiental” não diz respeito apenas a ações de intenção racista, mas, igualmente, a ações de “impacto racial”. Embora seja uma forma de discriminação ainda pouco discutida, impacta profunda e duradouramente comunidades mais socialmente vulneráveis.
Neste artigo, vamos explorar o significado do conceito de racismo ambiental, seus efeitos, impacto na sociedade e como combatê-lo.
O que é racismo ambiental?
Segundo a pensadora negra brasileira Tania Pacheco, o racismo ambiental ocorre quando injustiças sociais e ambientais recaem de forma implacável sobre raças, etnias e populações mais vulneráveis.
Em cidades e centros urbanos brasileiros, o racismo ambiental tem um impacto significativo na população residente de favelas e periferia – historicamente habitadas por maioria negra. A falta de acesso a serviços básicos, como água potável e saneamento, de estrutura urbana e condições de moradia digna, afetam a saúde e a qualidade de vida destes moradores de forma desproporcional, agravando os impactos das mudanças climáticas nestas comunidades, como aqueles provocados por enchentes e deslizamentos em áreas de alto risco.
Embora tenham seu direito às próprias terras historicamente cerceado, seus territórios, demarcados e invadidos, e sofram diversas violações de direitos humanos sob a negligência do Estado, comunidades indígenas e quilombolas são as que mais contribuem para a preservação do meio ambiente.
Ainda que vivam em áreas de grande valor ecológico, como florestas e reservas naturais, e detenham conhecimento profundo desses ecossistemas, essas comunidades historicamente marginalizadas têm pouca influência em políticas que afetam seus territórios e vidas diretamente, sendo frequentemente excluídas de tomadas de decisões.
Como o racismo ambiental afeta a sociedade?
Impacto na saúde
Comunidades afetadas pelo racismo ambiental sofrem com maior incidência de problemas de saúde relacionados à poluição, como doenças respiratórias, cânceres e problemas cardíacos. A exposição prolongada a estes ambientes insalubres compromete a saúde dessas populações socialmente vulneráveis.
Desigualdade econômica
O racismo ambiental perpetua a desigualdade socioeconômica: comunidades afetadas têm menos acesso a empregos bem remunerados, educação de qualidade e serviços essenciais de saúde. Além disso, seus residentes são frequentemente excluídos de decisões políticas e organizações sociais diretamente responsáveis por seu ambiente e bem-estar.
Apagamento cultural
Povos originários, comunidades indígenas e quilombolas enfrentam perda de terras e recursos por conta de atividades industriais e agrícolas que degradam o meio ambiente no qual habitam, não apenas ameaçando sua sobrevivência como mas também sua herança cultural, profundamente ligada aos territórios que ocupam.
Como combater o racismo ambiental?
Fortalecendo políticas públicas
Para combater o racismo ambiental, é crucial implementar e fortalecer políticas públicas que promovam justiça ambiental. Isso inclui a criação de leis que protejam comunidades historicamente marginalizadas e socialmente vulneráveis de práticas ambientais prejudiciais, enquanto garantem sua participação em processos decisórios fundamentais.
Educando e conscientizando
A educação e a conscientização são as principais ferramentas na luta contra o racismo ambiental. É essencial que comunidades afetadas e demais cidadãos sejam educados e conscientizem-se sobre os impactos do racismo ambiental e as maneiras de combatê-lo. Campanhas de conscientização ajudam a expor práticas e políticas discriminatórias, incentivando cidadãos a pressionarem políticos por mudanças.
Parcerias e ações coletivas
Parcerias entre organizações governamentais, ONGs e comunidades locais podem ser um diferencial no enfrentamento do racismo ambiental. Ações coletivas envolvendo diferentes setores da sociedade promovem mudanças significativas, da limpeza de áreas contaminadas até a reabilitação de territórios degradados.
Apoio a movimentos sociais
Movimentos sociais que lutam por justiça ambiental desempenham um papel vital na superação do racismo ambiental. Apoiar esses movimentos por meio de doações, voluntariado, militância e ativismo é uma maneira efetiva de contribuir para essa mudança. Organizações como a TETO Brasil trabalham diretamente junto a comunidades afetadas impactadas por efeitos do racismo ambiental, promovendo soluções sustentáveis e inclusão social.
O racismo ambiental é uma questão urgente, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A luta contra seus efeitos envolve a implementação de uma abordagem multifacetada, que inclua o desenvolvimento de políticas públicas eficazes, engajamento na promoção de educação e conscientização, e apoio a movimentos sociais em prol de justiça ambiental.
Se você quer contribuir para a luta contra o racismo ambiental e apoiar comunidades mais vulneráveis, colabore com a TETO Brasil e ajude a transformar a sociedade. Clique aqui para saber mais sobre como pode ajudar.