*Por Itamar Batista
O Dia Nacional da Juventude, celebrado em 22 de setembro, é mais do que uma data no calendário: é um momento de reconhecer a força transformadora dos jovens e valorizar seu papel no voluntariado. Compreender a dimensão desse protagonismo exige reconhecer quem são esses jovens e as diferentes realidades sociais que atravessam suas vivências.
O Brasil é um país de juventudes diversas. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 47 milhões de pessoas têm entre 15 e 29 anos. Cada uma vive realidades diferentes, marcadas por raça, gênero, classe social e território. Esses contextos revelam desafios profundos: 22% dos jovens não têm a oportunidade de estudar nem trabalhar e, dentro desse grupo, as mulheres negras representam 43% do total. Os dados escancaram desigualdades estruturais históricas, mas também reforçam a urgência de criar espaços de pertencimento e protagonismo.
É nesse sentido que o voluntariado se mostra poderoso: um ambiente de encontro, onde jovens de diferentes trajetórias se reconhecem, compartilham histórias e constroem soluções para problemas urgentes. No voluntariado, a diversidade se transforma em potência, ampliando a capacidade de gerar mudanças sociais.
Na TETO, esse encontro de juventudes se traduz em ação concreta. São jovens de todo o Brasil que decidiram entrar em ação e se mobilizar para que ninguém tenha que viver em moradias precárias. É nesse processo que surge uma das grandes forças do trabalho voluntário: a juventude não só participa, como também assume a liderança das transformações sociais.
O Dia Nacional da Juventude ganha ainda mais significado na TETO. Além de ser o momento para homenagear quem luta por um país mais justo e com moradia digna para toda a população, é um convite para que novas juventudes se engajem em causas sociais.
Juventude na liderança: o exemplo da TETO
No Brasil, conforme dados do IBGE levantados durante o Censo 2022, mais de 160 mil pessoas vivem sem uma moradia adequada. Entre essas pessoas, 56,6 mil moram em barracas de lona, plástico ou tecido. Cerca de 17,3 mil pessoas estão em estruturas não residenciais degradadas ou inacabadas e 14,6 mil estão em logradouros públicos, como viadutos.
Neste cenário, o voluntariado da TETO é sinônimo de juventude em ação. São jovens em todo o Brasil que atuam em territórios vulnerabilizados, constroem moradias emergenciais em conjunto com os moradores, desenvolvem projetos comunitários e fortalecem lideranças locais.
Essa mobilização reflete também um movimento maior: a Pesquisa Doação Brasil 2022, realizada pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), confirma que a juventude está cada vez mais engajada.
Entre os jovens da Geração Z (18 a 27 anos), o número de pessoas que fizeram algum tipo de doação subiu de 63% em 2020 para 84% em 2022. Destas, 30% das doações feitas pelas juventudes são realizadas na forma de trabalho voluntário. Essa é a prova de que a juventude brasileira atua voluntariamente em causas urgentes. Ela age, se mobiliza e se conecta.
André Costa é um exemplo de liderança jovem. Gestor da TETO Bahia e da TETO Pernambuco, ele acompanha de perto mais de 200 pessoas voluntárias. Aos 25 anos, acredita que “de certa maneira, ser líder e jovem mostra que é possível estar em uma posição de liderança ensinando e aprendendo ao mesmo tempo”.
Para André, o engajamento da juventude é urgente e presente. “Sempre escutamos que as crianças e os jovens são o nosso futuro, mas esquecemos que eles também são o presente. Na minha opinião, uma das coisas mais valiosas da humanidade é que as pessoas se engajem em causas, pensem, falem e ajam sobre o que é importante e urgente no nosso cotidiano”, conta.
O voluntariado como aprendizado e propósito
Segundo a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, 56% da população brasileira já participou de alguma ação voluntária, o que representa mais de 57 milhões de pessoas. Dentro desse cenário, a juventude tem um papel vital. Ainda na mesma pesquisa, 97% das pessoas acreditam que a atividade voluntária é um exercício de cidadania. Em 2021, conforme o estudo, 23% do voluntariado era composto por pessoas de 16 a 29 anos. Números que, mais do que estatísticas, revelam histórias e aprendizados de quem vive essa experiência todos os dias.
Sobre os aprendizados proporcionados pela atuação em conjunto com uma juventude engajada, André comenta que “o primeiro aprendizado que levo do contato diário com essa juventude, da qual faço parte, é a escuta ativa. Nós, jovens, temos uma vontade imensa de falar e fazer a denúncia. Porém, é importante estarmos abertos e atentos para ouvir o que vem das outras pessoas”. E, nesse movimento de ouvir e dialogar, surge também a necessidade de olhar para dentro e repensar nossos próprios lugares no mundo.
O jovem também lembra da importância de refletir sobre privilégios: “Quando pensamos em um ambiente de construção coletiva, ele precisa ser formado por pessoas diversas em todos os aspectos. Quando uma organização é composta por diferentes grupos e gerações, o propósito se reacende constantemente e nunca se perde. Ao ocupar um espaço no voluntariado, ocupamos um certo lugar de privilégio diante de outros grupos sociais e pessoas. E isso exige não só reconhecimento, mas também saber como atuar em conjunto e transformar este privilégio em algo que ajude a promover um país mais justo”.
Dia Nacional da Juventude: um convite para agir
Celebrar o Dia Nacional da Juventude é reconhecer que o futuro se constrói agora, e que cada jovem, com suas características e história próprias, desempenha um papel fundamental nesse processo.
Na TETO, esse protagonismo se manifesta de forma concreta no voluntariado que conecta histórias, cria lideranças e transforma realidades. O Dia Nacional da Juventude é um convite para agir em prol da transformação social.
Participe do voluntariado e descubra como é fazer parte de uma geração que apoia causas urgentes!
*redator do blog da TETO Brasil