Foram 420 voluntários, entre eles 90 moradores, envolvidos na construção de 24 moradias de emergência, na Baixada Fluminense. Jardim Gramacho, Vila Beira Mar e Parque das Missões, em Duque de Caxias, e Sebinho, em Mesquita, que recebeu a construção pela primeira vez, foram as comunidades com as quais trabalhamos nos dias 25 e 26 de julho e 1º de agosto.
Sebinho, em Mesquita, assim como as outras comunidades com as quais atuamos há dois anos, apresenta um contexto em que as famílias vivem em alto grau de vulnerabilidade, o poder público tem pouca ou nenhuma atuação e a infraestrutura do Estado é quase inexistente. Apesar disso, os moradores são muito unidos e têm uma enorme vontade de trabalhar para melhorar as condições de vida da comunidade.
– É a primeira comunidade em que trabalhamos localizada no município de Mesquita. Isso é muito relevante, porque agora nosso trabalho está conseguindo chegar a lugares cada mais distantes e a contextos diferenciados. Com a experiência em Sebinho, a ONG Teto vem crescendo e a nossa missão de chegar nas comunidades onde mais somos necessários ganha forma e força – explica Javier Abi-Saab, Diretor Operativo da ONG no Rio.
A líder da comunidade, Maria das Graças Valentim da Silva Fonseca, conhecida como Gracinha, resolveu confiar no Teto desde março, quando foi feita a proposta de trabalho em conjunto.
– Resolvi depositar minha confiança no Teto. Já veio muita gente aqui que nos enganou, prometeu e não fez nada. Desta vez, pensei: “vou ver o que vai acontecer”. Abracei a causa e deu tudo certo.
Ela comenta que, no Sebinho, muita gente não tem condições de construir casa de tijolo ou no alto (as moradias feitas pelo Teto ficam elevadas do chão):
– Quando chove, eles perdem tudo.
E a ação já trouxe frutos. Roberta de Cassia Resende, 36 anos, ajudou a construir sua casa no Sebinho. Ela afirma que a transformação já começou: inscreveu-se em um curso de artesanato e matriculou a filha, Jenifer, de 4 anos, em aulas de ballet.
– Me deram uma oportunidade. Como a casa está limpa, posso arrumar a minha outra filha para ser uma bailarina. Agora, só penso em colocar meu bebê (Richard, de dois meses) na creche e trabalhar. Não trouxeram só moradia. Aumentaram nossa autoestima, nossa esperança de viver uma vida melhor. Éramos deixados de lado. Agora ganhamos amigos, uma voz que possa gritar pela gente – conta.
É justamente nosso objetivo, como organização: promover mudanças não só para as famílias que recebem – e ajudam a construir a nova moradia – mas também para a comunidade como um todo.
– A construção de moradias de emergência é sempre um marco no trabalho comunitário que o Teto propõe e promove muitos momentos de colaboração entre os moradores. Os vizinhos ajudam os outros a construir as casas, cozinhar ou carregar o material. É fortalecida uma consciência de colaboração. Tanto moradores quanto voluntários passam a ver com seus próprios olhos que a mudança é possível, basta se organizar e trabalhar em conjunto – afirma Javier.
Até o fim do ano, estaremos presente em outras duas comunidades do Rio de Janeiro.