Na última semana de fevereiro, 4 representantes do TETO foram para Londres passar cerca de 20 dias numa das maiores e mais reconhecidas universidades do mundo: Cambridge University. A intenção da viagem era estreitar laços da parceria com a Ecohouse e construir o protótipo final de uma nova moradia de emergência cheia de melhorias.
O trabalho realizado em conjunto e à distância entre ambas as partes visa criar um novo modelo de moradia de emergência que seja melhor para as famílias que vivem em condições de habitação precárias em favelas brasileiras.
Durante os três primeiros dias da viagem voluntários do TETO e da Ecohouse de Cambridge se dedicaram em produzir os painéis do projeto final do protótipo, com o intuito de treinar e capacitar todos sobre a produção dessa nova casa.
A viagem possibilitou que houvesse um alinhamento muito grande entre ambas as partes, já que universidade conta com grande infraestrutura para fazer reuniões e desenvolvimento do projeto.
O Diretor de Construções do TETO – Brasil, Denis Pacheco teve também a oportunidade de contar mais sobre o modelo de trabalho do TETO com as comunidades em que atuamos, para explicar melhor aos fundadores, diretores e voluntários da Ecohouse em uma palestra, que contou também com a participação de diretores do TECHO – Londres e a participação especial de Gabriel Figueiredo, diretor de Detecção e Designação do TETO – Brasil.
Nesta instância foi possível contextualizar a construção de moradias de emergência como uma ação de mobilização da comunidade e criação de um vinculo de trabalho e confianças mutuo entre a organização e a comunidade.
Durante dois dias da viagem foi realizado o trabalho em conjunto, entre ambas as equipes, a construção do último projeto deste novo protótipo, e o principal foco era simular a dinâmica de construção numa comunidade, mesmo que realizada no Clare College da universidade.
O trabalho em conjunto durante a construção não só abordou detalhes técnicos da casa mas também carregou um teor de reflexão e discussão sobre as condições em que vivem famílias em assentamentos precários para ambas as partes.
A troca de conhecimentos entre voluntários do TETO, que levaram um pouco de sua experiência no trabalho em conjunto com moradores de comunidades e de arquitetura, e a infraestrutura de laboratórios para testes de materiais, e o conhecimento técnico de engenharia dos estudantes de Cambridge resultou em um resultado muito satisfatório para ambas as partes.
Este novo protótipo possui 12m² de área construída, mas mantem os 18m² de área útil para a família, pois possui um mezanino com grade de segurança e acesso de uma escada, para que possamos trabalhar com famílias hoje habitam terrenos menores do que conseguimos trabalhar com a moradia de emergência que construímos hoje.
A construção do mesmo ficou também mais facilitada, já que tem a necessidade de menos pilotis (fundação da casa), qualquer painel pode ser carregado por duas pessoas, e por seguirem medidas de padrão mundial, que são mais facilmente produzidas, comercializadas e com menos dificuldades para passar por vielas e ruas de favelas brasileiras.
A área útil interna da casa já não é diminuída com a abertura das janelas, já que agora são “corridas”, não inutilizando nenhum centímetro da casa, permitindo que a família que more nela consiga aproveitar melhor o espaço em que viverá.
Outra grande novidade é a modularidade da casa, onde conseguiremos construir casas em formatos e tamanhos de terrenos diferentes, aumentando assim o potencial do TETO vir a trabalhar em conjunto com mais famílias e comunidades.
Após a construção foi realizado um evento de exibição da casa, onde estiveram presentes além de ambas as equipes, a imprensa britânica e professores da universidade de Cambridge, que tiveram a oportunidade de conversar melhor com todos os envolvidos e sanarem possíveis dúvidas sobre a parceria, o projeto e a situação de extrema pobreza em que vivem milhões de famílias no Brasil.
Nos últimos dias em Londres, voluntários do TETO realizaram também um workshop de discussão com pesquisadores de Cambridge, e integrantes da Ecohouse com foco em apresentar e refletir sobre a realidade de moradores de favelas nas quais trabalhamos, para aprofundar o conhecimento de quem pode muito colaborar e agregar muito em nosso trabalho, mas vive muito longe desta realidade.
O papo foi muito proveitoso, e todos os participantes discutiram soluções concretas para problemas como educação, saúde e segurança em assentamentos precários.
“Estar em Cambridge tanto tempo nos abriu portas para utilizar de uma estrutura que hoje não temos acesso no Brasil, e usar isso para melhorarmos nosso trabalho em conjunto com as famílias no país. A disponibilidade de utilizarmos um galpão completo para construir os painéis, utilizarmos laboratórios para realizarmos testes do projeto e dos materiais e utilizar as salas e espaços da universidade de Cambridge agregou muito ao resultado final. O alinhamento, reflexões e discussões com a equipe de Ecohouse também foram essenciais para termos hoje um projeto de moradia de emergência melhor e com mais possibilidades para seguirmos promovendo o desenvolvimento comunitário em favelas do Brasil.” Denis Pacheco – Diretor de Construções do TETO – Brasil.
O próximo passo agora da parceria é apresentar o projeto para 5 comunidades, e validar com elas as opiniões e impressões sobre essa nova casa, que será construída junto a uma família aqui no Brasil no mês de agosto, com presença de voluntários do TETO e da Ecohouse. Esta família e esta casa serão acompanhadas durante no mínimo um ano, para serem avaliados diversos aspectos e discutirem últimas melhorias.
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