Hoje começa a III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a pobreza e a desigualdade na região estão posicionadas como tema central na discussão.
Isso, juntamente com a apresentação das conclusões do Panorama Social 2014, que apresenta anualmente a CEPAL, que mostrou que o número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza subiu para 167 milhões e sua percentagem estagnou em 28%.
Durante a apresentação do relatório, a representante da CEPAL, Alicia Bárcena, destacou a importância de aprofundar a compreensão da segregação territorial, acrescentando este olhar na busca de soluções.
Agustín Algorta, Diretor Social do TECHO, explica que, embora seja um avanço que a próxima reunião de mandatários se trabalhe sobre este tema, é importante conhecer não só quantas pessoas vivem em situação de pobreza – 28% sob o enfoque multidimensional CEPAL – mas também é fundamental determinar onde elas estão. Isto, com vistas a data de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e o Encontro Mundial do Habitat, a ser realizada em Quito em 2016.
“”Hoje, em um continente predominantemente urbano, os assentamentos informais são a face mais visível da desigualdade e espaços críticos de concentração da pobreza nas cidades.Seus habitantes são nossos compatriotas sem acesso para atender os seus direitos e em constante risco ante fenômenos naturais, e mais vulneráveis do que outros frente a crises políticas, econômicas ou falhas nas políticas sociais””, explica e acrescenta: “”Se nós não consideramos esta condição, típica da segregação social em nossos países, os acordos que podem ser tomados para reduzir a pobreza desconhecem características relevantes na natureza do problema “”, diz Agustín, porta-voz da organização.
O país anfitrião da reunião da CELAC, por exemplo, é o lar de 394 assentamentos, 104 deles localizadas em San José, a capital. Isso, de acordo com o mais recente Cadastro de Assentamentos realizado pelo TECHO Costa Rica.
“”Concordamos que a pobreza e a desigualdade devam ser tratadas como uma prioridade. Precisamos de políticas sociais e econômicas que incluam as pessoas que vivem em situação de pobreza, não como meros beneficiários, mas como participantes ativos das mesmas””, disse o representante do TECHO, organização que trabalha com pessoas de 670 comunidades em 19 países da América Latina.
ASSENTAMENTOS NA AMÉRICA LATINA, QUANTOS, ONDE E POR QUE?
A América Latina concentra 113,4 milhões de pessoas que vivem em assentamentos informais, de acordo com dados da ONU-Habitat. Na falta de informações, a organização começou a fazer um levantamento regional desses espaços, que já tem resultados concretos no Chile, Argentina, Costa Rica e Nicarágua, enquanto espera para apresentar resultados na Colômbia, Paraguai e Guatemala em 2015.
Censo de Assentamentos que TECHO apresentou em Manágua em 2014 revelou que 92% das pessoas que vivem nestas áreas o fazem em zonas de risco, entre os 204 assentamentos encontrados em Manágua. A isto se acrescenta que 71,2% dos domicílios pesquisados são sustentados através do emprego informal.
A Pesquisa de Assentamentos Informais do TECHO Argentina mostrou que mais de 530 mil famílias vivem nessa situação, em 1834 assentamentos. A partir das informações reunidas em nove províncias do país, mostrou também que 25% existe a mais de 50 anos, o que mostra a natureza estrutural do problema. 90% dos entrevistados não têm acesso regular à água potável e 74% não têm ligação formal de energia elétrica.
No Chile, por sua vez, tem 30.701 famílias, distribuídas em 676 assentamentos, de acordo com dados do Monitor de Campamentos do TECHO Chile. Isto, apesar do fato de que o país foi destacado por seu trabalho na redução da pobreza no último relatório da CEPAL.
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Conheça a carta que TECHO enviou aos chefes de Estado dentro da Cúpula CELAC 2015. Clique aqui e dê seu apoio para que os Assentamentos Informais sejam um tema nesse encontro.