Essa pergunta tem duas respostas:
A primeira tem a ver com a fragilidade das relações pessoais e sociais que vivemos na nossa sociedade, com uma intensidade particular nos últimos meses. Uma sociedade dividida e polarizada, com uma tensão tão forte que alguns sugerem a iminência de uma guerra civil. Nas redes sociais se evidencia por um lado a falta de diálogo e por outro a tentativa de unificar a luta por um país mais justo que represente toda nossa população. Podem parecer coisas opostas, mas juntas refletem os desafios da nossa democracia: a democracia é a vontade da maioria ou a vontade do povo? Qual a diferença entre essas duas afirmações? Como fazer representadas as “”minorias””? Como garantir seus direitos? Como permitir o diálogo entre pessoas de diferentes classes, cores, etnias, origens, gêneros na busca de soluções comuns? Como romper os estigmas e preconceitos sobre as lutas diárias dessas identidades coletivas?
Acredito que nossa proposta de solução pode contribuir para esse cenário e para responder essas perguntas. Imagino que vocês, que já participaram de uma ação do TETO e tiveram a oportunidade de conversar e trabalhar com um/a morador/a de uma favela, tenham sentido algo parecido com esse sentimento pessoal que compartilho com vocês: ouvir a história de uma família da sua própria voz e perceber a comunidade desde sua vulnerabilidade à sua força, com atenção e abertura, fizeram total diferença para desconstruir muitos dos preconceitos e paradigmas que nossa formação escolar, familiar e midiática nos ensinou até então. Mais do que isso, quando me propus a assumir a responsabilidade pela transformação dessa realidade e sair do papel de observação e indignação, o TETO me deixou claro que a mudança só seria real com o envolvimento e protagonismo da comunidade.
Tudo isso para dizer que a empatia, a diversidade, o diálogo e a corresponsabilidade que fomentamos no TETO, trabalhando ombro a ombro com as pessoas que vivem nas favelas mais marginalizadas para construir soluções juntos, podem servir como exemplo para outros espaços coletivos. Nossa postura de abertura e escuta ativa precisa se refletir dentro e fora das nossas ações e, o convite que fazemos para que toda sociedade se envolva na transformação implica também em reconhecer nossas diferenças, ideológicas e programáticas.
Precisamos de vocês conosco nas ruas. Precisamos multiplicar esse desejo de mudança fundado no diálogo e no trabalho conjunto.
A segunda tem a ver com nosso cenário financeiro nesse período de crise também econômica.
O TETO se financia por doações de empresas e indivíduos. Nosso orçamento anual de 2015 foi de aproximadamente 4 milhões de reais, como podem ver no balanço e demonstrativo de resultados na página de transparência do nosso site. 50% das nossas receitas vieram através de pessoas jurídicas (parcerias institucionais, voluntariado corporativo, parcerias regionais, etc.), 11% das construções em família e apenas 4% de AMIGOS DO TETO (nossa única fonte de receitas fixas). Construções com colégios, doações anônimas e inscrições de voluntários compõem o restante das receitas junto com a COLETA. Mas quanto representa a COLETA do total do nosso orçamento? No ano passado, representou 8% das nossas receitas. Para 2016, a meta de arrecadação de 420 mil reais representa 10% do nosso planejamento nacional de receitas.
E dai? Bem, nossa arrecadação está diretamente relacionada ao nosso impacto, isto é, para financiar nosso trabalho em campo e nossa estrutura precisamos conseguir doações. Em um ano difícil, em que muitas empresas estão cortando seus investimentos em responsabilidade social, precisaremos duplicar nossos esforços para suprir essa perspectiva de diminuição de receitas por essa fonte de financiamento e, pelo menos, manter nosso orçamento anual do ano passado para atingir os resultados esperados para esse ano. Mas como? Superando nossas metas com doações pulverizadas (normalmente menores, mas em maior quantidade). O poder de compra dos indivíduos também caiu, mas se mais pessoas nos conhecerem e apoiarem nosso trabalho, podemos atingir a nossa meta de arrecadação e, consequentemente, atingir nossas metas sociais: construções, projetos comunitários, comunidades com Programa de Educação, Sedes TET, eventos formativos, entre outros.
Hoje temos pouco mais de 3.000 voluntários/as inscritos na COLETA. Nossa meta é atingir 12.000 inscrições. Imaginem: se cada uma dessas 3.000 pessoas consegue convocar mais 1 voluntário/a na próxima semana, seremos 6.000. Se essas 6.000 convocarem mais 1 pessoa na semana pré-COLETA, seremos 12.000 pessoas mobilizadas para contar sobre nossa causa e nosso trabalho e motivadas a arrecadar recursos para viabilizar os projetos e eventos pelos quais trabalhamos diariamente.
E aí, podemos contar com você para fazer a diferença nesse caos?
Não deixe para amanhã, inscreva-se agora na COLETA e nos ajude a multiplicar essa ação para sermos mais! Se você já se inscreveu, convide todos os seus amigos/as, conhecidos/as, familiares para apoiar também.
Inscreva-se: www.teto.org.br/coleta
Carolina Mattar
Diretora Executiva do TETO