Por Tamires Lietti
Todo mês, em alguma comunidade em São Paulo, existe um projeto sendo idealizado. Todo mês, em alguma comunidade de São Paulo, existe um projeto sendo colocado em prática. O caminho entre a ideia e a execução de projetos comunitários é cheio de pequenos passos, sendo o principal e o mais decisivo deles, algo em comum para a maioria das comunidades parceiras do TETO: a aprovação do FunTETO.
Para quem não sabe, o FunTETO é um programa dentro da organização que visa o incentivo ao empoderamento comunitário. É a partir dele que as equipes fixas e moradores conseguem a verba necessária para que suas demandas se tornem projetos concretos a serem executados nas comunidades. Os editais são abertos três vezes ao ano, em Março, Julho e Outubro, os três com um único objetivo: fomentar o desenvolvimento comunitário através de novos programas e projetos.
Vinicius Ferrari (28), Coordenador de Projetos Comunitários de São Paulo, explica que o processo de identificação da comunidade e seus problemas é o começo do processo para qualquer FunTETO ser executado. “Isso acontece antes de tudo. É através desse diagnóstico que conseguimos entender as prioridades a serem trabalhadas, levando em conta o tamanho, a gravidade do problema e os custos do possível projeto””.
Ele também garante que, para que um projeto seja enviado na época em que os editais estejam abertos, os moradores e as equipes fixas das comunidades devem elaborará-lo juntos. As ideias submetidas pelos moradores, normalmente, são atividades que a comunidade ainda não consegue executar sozinha. “Nossa função é justamente essa: viabilizar essas ideias, econômica e estruturalmente falando”, resume Vinicius.
Como os editais ocorrem apenas três vezes ao ano, as comunidades são alertadas com cerca de dois meses de antecedência para que possam se organizar e decidir em conjuntos quais projetos gostariam de apresentar. O coordenador explica que, para que um projeto seja considerado válido, existem alguns pré-requisitos. Todos eles devem conter pontos como cronograma, distribuição de tarefas, tabela de custos e prestação de contas muito bem explicados. Além disso, ele ressalta a importância crucial dos quesitos de participação e formação de rede durante a execução de cada atividade. “O objetivo final de todos os projetos e de todo ciclo de FunTETO é melhorar a autogestão da comunidade, ou seja, ensiná-los a trabalhar de forma que, em algum momento, eles não precisem mais de nós para tocar esses projetos. ”
Com o diagnóstico feito, decisão tomada, e edital preenchido, o próximo passo é levar o projeto para a banca do FunTETO, que é composta por diretores e pela equipe de Programas e Projetos. São eles que irão avaliar a viabilidade do projeto e como os moradores estão engajados na ação. Todos os projetos são apresentados pelos próprios moradores e, uma vez aprovados, são levados para as equipes fixas que, junto aos moradores, farão o calendário de execução e darão início as atividades envolvidas na atividade que será iniciada.
Para cada edital, o valor total viabilizado para o primeiro FunTETO de uma comunidade é de R$ 3 mil reais. Caso a comunidade consiga aprovação em um segundo edital, o valor liberado dobra para R$ 6 mil. “Isso depende muito de como foi a primeira atividade realizada e do engajamento e comprometimento dos moradores com o projeto”, afirma Vinicius. Ele afirma que a participação dos moradores é crucial para que o projeto funcione, uma vez que o FunTETO só libera até 60% do valor total do projeto. “Fica estipulado que 10% deve ser arrecadado pela própria comunidade em atividades e ações e 30% pode ser proveniente de parceiros e doações”, explica o coordenador.
Em 2016, foram realizados nove projetos ao longo dos três editais anuais. A previsão é que, até o final de 2017, 12 projetos sejam tirados do papel e virem realidade para as comunidades, e que muito seja ensinado ao longo de cada projeto executado. Para Vinicius, cada ação concluída com a ajuda do FunTETO vai muito além do dinheiro que foi viabilizado. “Nossa missão é, sobretudo, ensinar sobre gestão de projetos e como trabalhar a metodologia de trabalho e comunicação entre os indivíduos, além de ensiná-los a lidar com gratificações e frustrações”, afirma Vinicius.