Enchentes e deslizamentos de terra são comuns na rotina de grupos marginalizados e podem provocar vítimas fatais
Sandra França de Lemos estava prestes a perder sua casa na comunidade Souza Ramos, na Zona Leste de São Paulo (SP), devido às fortes enchentes que atingiram a região em fevereiro deste ano. A residência ficava em um pequeno morro, cujo terreno fora bastante prejudicado e que representava um grande risco para sua família. Preocupada com a situação, Raiane, filha de Sandra, alertou a TETO Brasil, que rapidamente se mobilizou para avaliar a situação e, ao lado dos moradores da comunidade, reconstruir a residência em outro local.
A moradora ficou extremamente emocionada, mas o desfecho desta história poderia ter sido trágico. Sandra é apenas uma dentre milhares de pessoas que sofrem com a injustiça ambiental, que afeta especialmente as populações mais vulneráveis, principalmente aquelas que estão em situação de pobreza, como as comunidades com as quais a TETO atua. Essas pessoas são obrigadas a abandonar suas residências devido a inundações, deslizamentos de terra, tempestades e outros eventos ambientais extremos provocados pela crise climática, que gera deslocamentos forçados e vítimas fatais.
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a crise climática causará 250 mil mortes adicionais a cada ano entre 2030 e 2050 por conta da desnutrição, doenças infecciosas e do estresse térmico. Ainda de acordo com o Mapa de Direitos, plataforma aberta desenvolvida pela organização para visibilizar os direitos violados nas favelas mais precárias e invisíveis do país, em 2022, 33,33% das comunidades precárias atendidas pela organização em São Paulo sofreram com enchentes e 16,67% registraram desabamento de casas. E, no mesmo ano, 22,22% das favelas estavam próximas a rios, canais ou córregos.
Mobilização
Todo o processo de reconstrução da casa de Sandra foi acompanhado pelos moradores de Souza Ramos, que receberam orientações sobre a montagem das moradias.
“A estrutura da residência naquele terreno apresentava um risco muito grande para a família da Sandra. Considerando o pouco tempo em que construímos a casa, pensando no bem-estar dos moradores e para compartilhar o conhecimento de construção da TETO caso ocorram mais problemas como esse, abrimos uma exceção e iniciamos um processo de desconstrução e construímos a casa em outro terreno que oferecia mais segurança para a família. Tivemos o apoio da comunidade e convidamos os moradores para participarem da desconstrução e da montagem da moradia para eles aprenderem a fazer isso no futuro caso seja necessário”, explica Thayná Shervis, voluntária da TETO Brasil que liderou a equipe de reconstrução da residência.
Para além da construção de soluções emergenciais, o voluntariado da TETO Brasil tem se empenhado cada vez mais em denunciar os impactos da crise climática nas comunidades mais precárias e invisibilizadas do país. Nestes territórios, onde muitas famílias ainda vivem em barracos feitos de lona e portas de armário, o censo aplicado pela TETO Brasil mostra que a proximidade à beira de rios ou encostas íngremes, sujeitas a deslizamentos, enchentes, à contaminação da água, do solo e sem saneamento básico, são uma constante que, consequentemente, faz com que essas famílias sejam as primeiras impactadas pelos efeitos da crise climática.
Sobre a TETO
Trabalhamos pela construção de um país justo e sem pobreza. Em associação com a organização internacional TECHO, presente em 18 países da América Latina, desde 2006 estamos há 15 anos no Brasil, mobilizando voluntários e voluntárias para atuar lado a lado de moradores e moradoras em comunidades precárias de diferentes Estados. Juntas e juntos, construímos soluções concretas e emergenciais que proporcionam melhorias nas condições de moradia e habitat destes territórios.
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