Com intuito de gerar mais significado ao projeto de moradias emergenciais, a área de construção deu início a um novo modelo de designação de famílias. O novo processo visa diminuir o número de desocupações ou repassagem das casas, além de tornar a escolha dos beneficiados mais justa e integrada com a comunidade.
A mudança tira a responsabilidade de designação das famílias dos Chefes de Escola, que, por estarem atrelados a muitas outras etapas da construção, acabavam sobrecarregados e, muitas vezes, não conseguindo ter conhecimento suficiente para escolher as famílias mais necessitadas.
Levando essa problemática em conta, a área de Construções de uniu à Gestão Comunitária para desenhar um novo processo de designação: após a definição da comunidade onde será realizada a construção, são contatados equipe fixa e líderes comunitários para participarem ativamente da seleção das famílias.
Também foi sentida a necessidade de criar dois novos cargos. O “implementador”, voluntário da equipe fixa responsável por orientar a equipe de construções sobre as prioridades e dinâmica da comunidade, e o “acompanhante comunitário”, capacitado com os critérios de designação, como a vulnerabilidade das famílias, insalubridade dos terrenos e quantidade de pessoas na casa, garantindo que haja uma escolha mais justa.
Essas duas pessoas, em conjunto com o CT (coordenador de trabalhos), coordenam a aplicação de enquetes que depois são encaminhadas ao acompanhante comunitário, que tem a função de analisar e criar um ranking de famílias prioritárias. Esta mesma lista retorna à comunidade para a nomeada “mesa de deliberação”, momento em que os líderes comunitários juntamente da equipe fixa validam a seleção.
“Se a comunidade falar que faz sentido a gente começa o trabalho, se ela disser que não faz sentido e quiser trocar alguma família por um motivo plausível a gente segue a orientação”, conta Marcel Boccia, Diretor de Construção São Paulo.
Com as famílias escolhidas, os CEs têm a função de gerir as famílias, fazer a integração entre os mesmos, garantir o pagamento da cota solidária e gerar significado para a construção.
O processo teve início nas comunidades Jardim Santa Margarida, Porto de Areia e Anchieta, todas em São Paulo e região metropolitana, para a última construção do ano, nos dias 26 e 27 de novembro. “Estamos implementando o projeto piloto em São Paulo, mas a ideia é que recolhamos os feedbacks para aplicar o modelo em todas as sedes no ano que vem”, conta Marcel.
Por fim, o diretor ressaltou a importância da mudança para integrar o projeto de construções no modelo de trabalho comunitário. “O objetivo é que as construções sejam cada vez mais de caráter de mobilização comunitária, visando o marco comunitário”, finaliza.