O processo para iniciar uma mesa de trabalho em uma comunidade, criar vínculo e confiança com os moradores é um dos maiores desafios que os voluntários enfrentam no começo. Engajar os moradores, organizar reuniões, representar os desejos da população local nos órgãos públicos, lutar por direitos e difundir as novidades por todos os cantos da comunidade são algumas das ações que fazem o trabalho progredir. Uma figura fundamental que faz tudo isso e ainda é “porta-voz do povo” é o Líder Comunitário.
O líder ou a líder tem extrema importância na luta por direitos dentro daquele local, pois é reconhecido pela grande maioria dos moradores como a pessoa mais capaz, levando em consideração determinação e força de vontade para representar as vontades de todos. É sempre lembrado como alguém com voz ativa, que sabe ponderar bem devido às diferentes realidades dentro da própria comunidade e que sabe se comunicar bem independente da pessoa com quem se conversa.
O Dia Nacional do Líder Comunitário é celebrado anualmente em 5 de maio. A data foi instituída a partir de um decreto de lei em 2006 que oficializou a comemoração. Não teria forma melhor de celebrar esse dia tão importante para a concretização do trabalho realizado nas comunidades do que conversando com os líderes de algumas delas.
Lia é moradora da Vila Nova Esperança. Desde 2010 assumiu a liderança da comunidade e em 2014 foi reeleita pelos moradores. Ela é exemplo de determinação e força de vontade. Pensando no bem estar, alimentação mais saudável e uma melhora na renda da população local, desenvolveu uma horta comunitária que é exemplo para todas as outras comunidades que pretendem seguir um projeto parecido. A líder conta que quando a pessoa quer ver a mudança, não faz muita diferença se é líder, chefe, coordenador, voluntário ou qualquer outra função que seja. “A pessoa tem que ter certeza do que quer na vida e pensar de uma forma geral. Tem que ter compaixão, procurar unir todos e andar juntos por um objetivo que abrange a maioria” conta a moradora.
A Souza Ramos, localizada na Zona Leste de São Paulo, também tem um bom exemplo de liderança. Uma das moradoras, Lane Menezes, 20, conta que se tornou referência dentro da comunidade por ser uma das que mais participava da mesa de trabalho e demonstrava comprometimento. “O líder tem um papel fundamental de escutar as demandas da comunidade. O que de fato as pessoas necessitam, e por ser um intermediador, precisa levar esses pontos para órgãos maiores para promover o desenvolvimento comunitário” conta. Lane explica que mudou muito a maneira de pensar depois que começou a representar o Souza. Com as coisas que acontecem no meio em que vive, ela passou a pensar mais no coletivo.
Gleide Maria, que desde 2005 assumiu a liderança da Porto de Areia, lembra que começou a realizar alguns trabalhos pelo local, como arrumar as casas, por exemplo. Por conta disso, os moradores perceberam nela um potencial para liderança. “Ser líder comunitário é muitas vezes esquecer de você mesmo para pensar nas pessoas que mais precisam. Eu espero que o futuro nos traga muitas melhorias, não só para a Porto de Areia, mas para todas as comunidades do Brasil” conta Gleide.
A Vila Moraes, localizada em São Bernardo no ABC Paulista, conta com sede da associação de moradores e com o apoio de pelo menos três ONGs desenvolvendo projetos com os moradores. A vice-presidente, Monica Melchiades, conta que ser líder é saber negociar para a comunidade ter cada vez mais melhorias. Por outro lado, também é uma grande responsabilidade, pois todos os problemas que acontecem ela tem que pensar em uma solução boa que agrade a grande maioria. “Ser líder exige muito da pessoa, tanto que nas última eleições da associação ninguém montou chapa para disputar comigo e com o Tarcísio, presidente da associação” explica a moradora.