Por Amanda Cristina
O TETO busca o desenvolvimento comunitário das favelas mais precárias através de inúmeros projetos, eventos e ações, por conta disso, iniciou o Programa de Educação em agosto de 2015. Nas comunidades em que o TETO trabalha são elaboradas pesquisas sócio-econômicas e diagnósticos participativos com os moradores nos quais as principais demandas e necessidades das comunidades são discutidas. De acordo com a Diretora de Programas e Projetos, Nina Scheliga, das 16 comunidades da Região Metropolitana de São Paulo onde o TETO trabalha atualmente, 13 demonstram a necessidade e demanda por um trabalho educativo com suas crianças. “”Em conversas com moradores sobre a importância da educação para seus filhos estes concordaram, principalmente, em um ponto: a educação é o caminho para que eles consigam uma vida com mais oportunidades que seus pais tiveram””.
À partir de uma demanda clara por um trabalho envolvendo as crianças das localidades onde atuamos, surge o Programa de Educação. “”Conversando com diversas ONG’s e especialistas ficou claro que trabalhar com leitura é um grande primeiro passo por diversas razões, tanto pedagógicas quanto operacionais. Pesquisadores, de pediatras a neurocientistas, de todo mundo estão cada vez mais convencidos de que o hábito e gosto pela leitura é algo que deve ser incentivado desde o nascimento da pessoa. Entre os pontos que justificam a escolha do modelo de trabalho com leitura podemos destacar: pequeno número de voluntários, fácil acesso ao material, incentivo a continuidade do trabalho em casa e a possibilidade de empoderamento da comunidade sobre o projeto””, conta Nina.
Atualmente, o programa está presente em 7 comunidade de São Paulo, contando com a participação de cerca de 150 crianças de 4 a 10 anos de idade . Uma das comunidades escolhidas para a implementação do projeto foi a Spama, em Pirituba, na Zona Oeste de São Paulo.
O espaço utilizado pelo programa na Spama foi cedido por outra ONG que realiza atividades aos sábados na comunidade. O local é conhecido pelas crianças como “escolinha”, e possui prateleiras com diversos livros, revistas infantis e papéis para recortar e colar. Além disso, dispõe de uma estrutura de mesas, cadeiras, lousa e armário para guardar os materiais que são usados.
Os encontros abordam diversos temas, mas todos são focados na leitura. Alguns dos temas são: respeito, diversidade, igualdade e folclore. Além de assuntos de geografia, biologia, ciências e história. Tudo isso é feito com atividades de formação através roda de conversa, atividades práticas, desenhos, pinturas, brincadeiras, música, origami e teatro.
Um dos aspectos mais importantes do Programa é o interesse pela leitura que o programa consegue despertar nas crianças. Elas ficam muito empolgadas quando chega o momento delas irem até as prateleiras e escolherem a história que lerão sozinhas, mas contando com o auxílio do voluntário quando necessário. Essa prática além de desenvolver a leitura, desperta a curiosidade, e leva a criança para novas realidades.
As atividades são feitas todos os domingos pela manhã, e são lideradas pelos implementadores Belisa Andrade do Amaral, 23 anos, e Bruno Henrique de Oliveira Coqueiro, 25 anos, além de outros 15 voluntários. Em média, 30 crianças participam do projeto na comunidade. A Spama também conta com uma Mesa de Trabalho, em que moradores e voluntários estão desenvolvendo juntos projetos como a construção de uma horta comunitária e a criação da associação de moradores. A comunidade está realizando bazar e festas para arrecadar fundos para os projetos.